Ela tinha uma música especial pra viajar no tempo
Daí ela voltava pra onde tinha amor, pra onde tinha carinho
E se abrigava nos amigos antigos, nos casos que ela sabia o final
Era tão seguro viver por aquelas viagens
Que aos poucos ela deixou de viver pra reviver
E a vida dela era como uma revista sendo recortada e colada novamente
Só que aos poucos algumas partes foram faltando
E tudo o que ela via era bom
Então por algum tempo ela viveu uma vida perfeita
Feita de lembranças consertadas
E um coração curado
Só que era hora de viver de novo
Ouvir novas músicas e viver histórias que ainda não têm final
Mas agora ela foi construindo a vida devagar, com cuidado
Daquele jeito que só gente de coração calejado faz
E novas músicas foram surgindo como que por milagre
Até que um dia ela se esqueceu dos calos, das dores
E se jogou de cabeça num novo caso
Que não acabou bem como todos os outros
Mas que deu pra ela uma música nova pra viajar no tempo
E começar tudo de novo
Como ela sempre fazia
Como ela sempre faz
13 de dez. de 2012
24 de nov. de 2012
Ser Duas
Naquela noite ela recomeçou a lista das coisas que ela queria fazer
Numa vida paralela que às vezes era dela
Numa vida paralela que às vezes era dela
11 de ago. de 2012
Até que
Pode, pode ir
Eu fico aqui te esperando
Porque não tem nada melhor
Que um encontro tão esperado
Um beijo com tanta saudade
Ou uma conversa bem longa
Só peço pra não me fazer esperar
O suficiente pro encontro ser esquecido
Pro beijo ser indevido
Pra conversa ser entre estranhos
Eu fico aqui te esperando
Porque não tem nada melhor
Que um encontro tão esperado
Um beijo com tanta saudade
Ou uma conversa bem longa
Só peço pra não me fazer esperar
O suficiente pro encontro ser esquecido
Pro beijo ser indevido
Pra conversa ser entre estranhos
30 de mai. de 2012
Retrato
As coisas como elas são
O cheiro de gente sem perfume
As cores sem retoque
Um violão velho que às vezes desafina
Vozes sem afetação
Letras à mão
Beijo na testa
Surpresa de verdade
São sempre muito mais interessantes
Que um mundo tão mudado, retocado e moldado
onde ninguém mais se reconhece
Mesmo quando as pessoas daqui são também
mudadas, retocadas e moldadas
O cheiro de gente sem perfume
As cores sem retoque
Um violão velho que às vezes desafina
Vozes sem afetação
Letras à mão
Beijo na testa
Surpresa de verdade
São sempre muito mais interessantes
Que um mundo tão mudado, retocado e moldado
onde ninguém mais se reconhece
Mesmo quando as pessoas daqui são também
mudadas, retocadas e moldadas
27 de mai. de 2012
Sentido
Depois de tantas palavras atravessadas
Se acumulando uma a uma sobre seus ouvidos
Ela começou a duvidar de todo e qualquer som
Que lembrassem a ela, mesmo de longe,
Uma música antiga
Que ela nunca mais queria ouvir tocar.
Se acumulando uma a uma sobre seus ouvidos
Ela começou a duvidar de todo e qualquer som
Que lembrassem a ela, mesmo de longe,
Uma música antiga
Que ela nunca mais queria ouvir tocar.
1 de mai. de 2012
Pros Amigos
Ela não tinha muitas esperanças sobre o amor. Assim dizia,
pelo menos.
Ele dizia acreditar no amor. E fazia que acreditassem com
ele.
Um dia eles se encontraram e trocaram de posição.
Ela se viu apaixonada por ele, mas não sabia demonstrar. Ele
pensou que não fosse recíproco o sentimento e se desiludiu.
Ela começou a acreditar no amor enquanto ele ia, aos poucos,
desacreditando.
E quando ela finalmente teve coragem de dizer que se
importava com ele, já não adiantava mais. E ela se desiludiu novamente.
Os dois seguiram sem acreditar no amor por um bom tempo.
Seria bom dizer que se reencontraram e redescobriram o amor
entre eles.
Só que o amor foi murchando aos poucos, e o que sobrou eles
pensaram ser amizade.
Seguiram mais felizes por mais algum tempo, acreditando no
poder daquela amizade.
Mas por mais que ela fosse verdadeira e sólida, não
satisfazia nenhum dos dois.
E foi assim que o amor morreu, ou renasceu. Transformado em
uma amizade diferente que incomodava e só fazia doer. Enquanto tudo o que eles
precisavam era saber que sempre foi amor.
23 de abr. de 2012
Equilíbrio
Nem toda poesia vira música
Nem toda música é poesia
Nem toda poesia é bela
Nem tudo que é belo é poesia
A vida deixa lacunas em tudo
Nas sentenças
Nas imagens
Nas pessoas
Porque nem tudo que é lacuna é buraco
Mas nem tudo que está preenchido é completo
A vida deixa tudo ser completo
Mas nem tudo que é completo é direito
Nem tudo que é direito é certo
Nem tudo que não é certo é errado
Na vida não existem certezas
Mas nem tudo que não existe é inexistente
Na vida tudo o que eu penso se torna real
Mas nem tudo que é real acontece
Nem tudo que acontece é real
Às vezes estou a apenas um passo
De não estar a um passo de lugar nenhum
Mas nem tudo que é nada é nada Pois tudo que é nada já é alguma coisa
A vida me deixou sem saber
O que significa viver
Mas nem tudo que vive está vivo
E nem tudo que não vive, está morto
A vida deixa lacunas até mesmo em si mesma
Mas tudo que não é si próprio é algo
Mas nem tudo que é algo é si mesmo
Na vida existem sem existir
Mil motivos e pedaços
De pessoas que já não conheço conhecendo
Mil coisas que não são coisa alguma mas são algo
E me deixa a pensar que assim
Nem o mais insignificante é sem importância
E nem o mais importante é completamente sem insignificância
Porque na vida o pequeno é grande
Ou simplesmente pequeno
E as coisas se tornam tão confusas que fazem sentido
De uma forma que só uma pessoa ou todo o mundo entende ou não
Nem toda música é poesia
Nem toda poesia é bela
Nem tudo que é belo é poesia
A vida deixa lacunas em tudo
Nas sentenças
Nas imagens
Nas pessoas
Porque nem tudo que é lacuna é buraco
Mas nem tudo que está preenchido é completo
A vida deixa tudo ser completo
Mas nem tudo que é completo é direito
Nem tudo que é direito é certo
Nem tudo que não é certo é errado
Na vida não existem certezas
Mas nem tudo que não existe é inexistente
Na vida tudo o que eu penso se torna real
Mas nem tudo que é real acontece
Nem tudo que acontece é real
Às vezes estou a apenas um passo
De não estar a um passo de lugar nenhum
Mas nem tudo que é nada é nada Pois tudo que é nada já é alguma coisa
A vida me deixou sem saber
O que significa viver
Mas nem tudo que vive está vivo
E nem tudo que não vive, está morto
A vida deixa lacunas até mesmo em si mesma
Mas tudo que não é si próprio é algo
Mas nem tudo que é algo é si mesmo
Na vida existem sem existir
Mil motivos e pedaços
De pessoas que já não conheço conhecendo
Mil coisas que não são coisa alguma mas são algo
E me deixa a pensar que assim
Nem o mais insignificante é sem importância
E nem o mais importante é completamente sem insignificância
Porque na vida o pequeno é grande
Ou simplesmente pequeno
E as coisas se tornam tão confusas que fazem sentido
De uma forma que só uma pessoa ou todo o mundo entende ou não
23 de mar. de 2012
Calendário
Foi quando ela descobriu que não odiava as segundas-feiras que percebeu que era, de fato, feliz.
Mas na verdade foi numa segunda-feira chuvosa. Quando ela teve que pegar dois ônibus e o segundo quebrou. E a caminho de um outro segundo ônibus, ela rasgou sua blusa favorita no caminho. No trabalho, gritaram com ela. No almoço, serviram suas batatas fritas em cima do feijão. Na volta pra casa, deixou cair todos os seus papéis no chão molhado.
Ela descobriu que era feliz quando, depois disso e mais um pouco, ela sorriu. Porque adorava o cheiro de casa, porque o motorista do primeiro ônibus sorriu pra ela, porque no final das contas, não fazia tanta diferença assim a sua batata frita estar coberta de feijão.
Porque a felicidade não vem agendada. Ela não espera pra acontecer. Não existe tempo pra ser feliz. Não existem condições pra ser feliz.
Felicidade é quando você acorda e se sente bem o suficiente pra querer mais mil manhãs como aquela. E diferentes daquela também!Felicidade é quando nada mais importa
Porque quando se é feliz, se está feliz. E esse é um estado imune à irritação, à raiva, ao desinteresse.
Então ela foi dormir sem saber que era a pessoa mais feliz do mundo inteiro naquele instante. E por alguns instantes depois também.
Mas na verdade foi numa segunda-feira chuvosa. Quando ela teve que pegar dois ônibus e o segundo quebrou. E a caminho de um outro segundo ônibus, ela rasgou sua blusa favorita no caminho. No trabalho, gritaram com ela. No almoço, serviram suas batatas fritas em cima do feijão. Na volta pra casa, deixou cair todos os seus papéis no chão molhado.
Ela descobriu que era feliz quando, depois disso e mais um pouco, ela sorriu. Porque adorava o cheiro de casa, porque o motorista do primeiro ônibus sorriu pra ela, porque no final das contas, não fazia tanta diferença assim a sua batata frita estar coberta de feijão.
Porque a felicidade não vem agendada. Ela não espera pra acontecer. Não existe tempo pra ser feliz. Não existem condições pra ser feliz.
Felicidade é quando você acorda e se sente bem o suficiente pra querer mais mil manhãs como aquela. E diferentes daquela também!Felicidade é quando nada mais importa
Porque quando se é feliz, se está feliz. E esse é um estado imune à irritação, à raiva, ao desinteresse.
Então ela foi dormir sem saber que era a pessoa mais feliz do mundo inteiro naquele instante. E por alguns instantes depois também.
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