Ela vivia sempre trancafiada. Era filha dos Deuses, dona da Verdade Eterna. Tinha aqueles olhos tristes, sempre se destacando, não importava onde. Seus cabelos eram tão longos que podiam tocar o chão e o céu, o céu e o inferno. E tocavam.
Não podia deixar o castelo, não podia falar com ninguém exceto os moradores de lá, que eram apenas escravos. Ela se sentia uma escrava também.
Um dia um dos escravos deixou-lhe um presente em segredo. Chamava-se Terra. Era como uma casa de bonecas que ela podia controlar. Ele a disse que poderia fazer qualquer coisa ali. Habitantes, paisagens, animais, comida. Era apenas pintar e jogar o papel dentro da esfera que era a Terra. Seria o segredo deles. Ninguém poderia saber de sua existência.
A Terra tinha uma abertura para os papéis e uma lupa mágica, que deixava a menina ver cada cantinho do lugar. A menina, então, se tornou a guardadora da Terra. Criou animais e pessoas, lugares e mares inacreditáveis. Quis fazer o melhor para os seus habitantes. Criou pequenas árvores que davam frutos e fez o vento para refrescá-los do sol que fizera para aquecê-los.
A cada dia a menina fazia pinturas diferentes para o que ela chamou de céu. Ela queria que as pessoinhas fossem mais felizes que ela. Fazia pinturas tão lindas, tão delicadas e profundas, para que as pessoas pudessem ver que havia alguém cuidando delas ali. E elas não viam.
A menina via pessoas chorando, matando, roubando. Não entendia. O que fizera de errado? Passou a fazer mais coisas para alegrá-las, então.
Criou as cachoeiras, as nuvens, os sabores. Decidiu que tudo precisava de um sabor, um cheiro e uma cor. Deixou tudo mais doce, mais cheiroso e colorido, mas as pessoas continuavam infelizes!
Para se sentir feliz, ela precisava deixar as suas pessoas felizes. Um dia chorou pela primeira vez, e na Terra fez chover. Ela resolveu olhar pela lupa de novo. Viu crianças correndo na chuva, casais se beijando, as plantinhas crescendo. A menina então percebeu que o que faz a felicidade é a infelicidade. Só assim cada um valoriza o que tem.
Ela guardou a lupa e se deitou na caminha estreita. Ela era infeliz por estar presa, mas era a pessoa mais feliz por ter a Terra. Naquele dia criou o arco-íris.
O arco-íris era a mágoa que foi embora, a lágrima que foi secada, a briga que terminara. Coloriu o arco-íris com todas as suas cores favoritas.
Guardou a Terra que era seu tesouro e desejou que todos tivessem um tesouro como ela tinha. Antes que pudesse criar esse tesouro para todos, percebeu que eles já o tinham. Era um abraço, um beijo, um coração. Era ser aquecido por algo mais que o sol. Era ter algo que fizesse a mágoa ir embora e o arco-íris reaparecer. Eles tinham uns aos outros, e ela tinha a eles. Era mais que um tesouro.
Não podia deixar o castelo, não podia falar com ninguém exceto os moradores de lá, que eram apenas escravos. Ela se sentia uma escrava também.
Um dia um dos escravos deixou-lhe um presente em segredo. Chamava-se Terra. Era como uma casa de bonecas que ela podia controlar. Ele a disse que poderia fazer qualquer coisa ali. Habitantes, paisagens, animais, comida. Era apenas pintar e jogar o papel dentro da esfera que era a Terra. Seria o segredo deles. Ninguém poderia saber de sua existência.
A Terra tinha uma abertura para os papéis e uma lupa mágica, que deixava a menina ver cada cantinho do lugar. A menina, então, se tornou a guardadora da Terra. Criou animais e pessoas, lugares e mares inacreditáveis. Quis fazer o melhor para os seus habitantes. Criou pequenas árvores que davam frutos e fez o vento para refrescá-los do sol que fizera para aquecê-los.
A cada dia a menina fazia pinturas diferentes para o que ela chamou de céu. Ela queria que as pessoinhas fossem mais felizes que ela. Fazia pinturas tão lindas, tão delicadas e profundas, para que as pessoas pudessem ver que havia alguém cuidando delas ali. E elas não viam.
A menina via pessoas chorando, matando, roubando. Não entendia. O que fizera de errado? Passou a fazer mais coisas para alegrá-las, então.
Criou as cachoeiras, as nuvens, os sabores. Decidiu que tudo precisava de um sabor, um cheiro e uma cor. Deixou tudo mais doce, mais cheiroso e colorido, mas as pessoas continuavam infelizes!
Para se sentir feliz, ela precisava deixar as suas pessoas felizes. Um dia chorou pela primeira vez, e na Terra fez chover. Ela resolveu olhar pela lupa de novo. Viu crianças correndo na chuva, casais se beijando, as plantinhas crescendo. A menina então percebeu que o que faz a felicidade é a infelicidade. Só assim cada um valoriza o que tem.
Ela guardou a lupa e se deitou na caminha estreita. Ela era infeliz por estar presa, mas era a pessoa mais feliz por ter a Terra. Naquele dia criou o arco-íris.
O arco-íris era a mágoa que foi embora, a lágrima que foi secada, a briga que terminara. Coloriu o arco-íris com todas as suas cores favoritas.
Guardou a Terra que era seu tesouro e desejou que todos tivessem um tesouro como ela tinha. Antes que pudesse criar esse tesouro para todos, percebeu que eles já o tinham. Era um abraço, um beijo, um coração. Era ser aquecido por algo mais que o sol. Era ter algo que fizesse a mágoa ir embora e o arco-íris reaparecer. Eles tinham uns aos outros, e ela tinha a eles. Era mais que um tesouro.
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