6 de fev. de 2010

Perdição

Hoje eu resolvi fugir.
Comecei fugindo das minhas obrigações. A partir daquele momento não teria que fazer nada além do que eu quisesse. Continuei fazendo tudo da mesma forma. Não por que não tivesse nada a mudar, mas porque a rotina é traiçoeira e acaba nos prendendo em uma armadilha impossível de se escapar.
Meu próximo passo foi me livrar das roupas que a mim não serviam, fosse por tamanho ou estilo. Tirei cerca de duas peças do meu guarda-roupa e percebi que ali quase tudo era parte de mim ou do que eu me lembrava de mim mesma. Acabei voltando as duas blusas para o armário.
O outro degrau foi bem mais alto. Eu devia me livrar de qualquer tipo de amor ou consideração demais. Estava cansada de me preocupar com as outras pessoas. Então estive com todos que não devia estar, numa sensação de falsa liberdade que acabou rapidamente. Entreguei-me então ao maior amor de maior consideração, me sentindo completamente livre.
Ao final da minha fuga percebi que eu continuava a mesma. Não mudara por fora, por dentro, ou de qualquer outra forma. E a liberdade que eu antes não sentia agora estava em mim a todo o tempo.
Não preciso fugir. Tenho o que preciso, tenho o que me é caro. A minha liberdade é minha, e a minha fuga é a minha prisão. Cansei de fugir. Acho que vou me prender em mim mesma e torcer pra não desaparecer de mim o meu eu.