31 de mai. de 2010

Perspectiva

E se eu te dissesse que a vida é difícil?
Você me diria que difícil sou eu, porque a vida, ah a vida...
Tem um quê de amargura que vai ficando doce aos poucos
E tem um peso que do nada some, vai me levando pelo ar
Ah!
O que há de mau na vida?
Não há nada, nada não.
Mas o que há de mau em mim?
Ah, isso tem demais...
Se eu julgo a vida ruim, minto
Porque como ela me faz feliz, se faz
Mas se digo que a vida é sempre boa, penso duas vezes
Não por ela não ser
Nem pela certeza dela ser demais
Mas é que bate uma tristeza, um jeito de ser sem ser, não sei explicar
É como se com uma palavra só alguém me tirasse todo o gosto da vida
Mas tem gente que com um sorriso
Me traz gosto, cheiro e sentido
Pra essa coisa toda que chamo de vida

4 de mai. de 2010

Dizer medo é repetitivo?

Eu tenho medo de me encaixar. E de me casar com alguém que me reprima.
Tenho medo de não poder lamber o recheio que escorreu pelos meus dedos, e de não conseguir escrever mais.
Eu tenho medos bobos, mas são importantes. Tenho medo de que eles se tornem insignificantes.
Eu tenho amigos poucos, mas me são caros. Tenho medo de que a recíproca não seja sempre verdadeira.
Tenho medo de não poder ter medo e de ter que fingir que sou forte. Tenho medo de ser adulta sem ter crescido. Tenho medo de que ninguém nunca cresça de fato.
Tenho medo de andar sozinha no escuro. E mais medo ainda que nunca haja alguém pra andar comigo pelos lugares escuros.
Tenho medo das partes de mim mesma que não conheço. E tenho medo de que alguém as descubra antes de mim.
Tenho medo de me perder. Tenho medo de nunca me encontrar.
Tenho medo de perder alguém. Tenho medo dele nunca me enxergar.
Mas não tenho medo de ter medo.
Ter medo pra mim é, no mínimo, um dos sentimentos mais justificáveis.
Tenho medo do amor.
Esse, pra mim, não é justificável. Mas me é muito mais caro que qualquer medo algum dia será.