21 de jul. de 2014

Do namoro

Se te quero é que nem sei mais
Separar nós dois de um jeito
Que não falte em mim
Nem sobre em você

20 de jul. de 2014

Da morte

Saber por que tem gente que vai
E gente que fica

Pra acalmar o coração
Pra acalentar a alma

Saber por que a gente tem que ir
E por que não pode voltar

Pra explicar a dor
Pra sanar a loucura

De viver uma vida inteira

Sem saber quando vai
Pensando em quem se foi
Pra não voltar mais...

13 de jul. de 2014

Esses homens na rua

A minha cara lavada incomoda
Cada pêlo no meu corpo incomoda

Incomoda se sou velha a tentar rejuvenescer
Incomoda se sou velha e deixo as rugas na pele

As minhas roupas incomodam
O meu corpo incomoda

Incomoda se eu trabalho e não dependo de você
Incomoda se eu não trabalho e dependo de você

O meu salário te incomoda
Os meus cabelos te incomodam

Incomodam meus seios a amamentar
Incomoda se não quero ter filhos

A minha saia curta incomoda
A minha saia comprida incomoda também

Desculpa se te incomodo por ser mulher
Ou por ter virado mulher

Por querer um espaço meu
Nessa selva machista

Em que meu espaço é seu
Meu corpo é seu
Minha voz é sua
Sou sua ?

Incomoda quando eu vou no seu espaço
Incomoda quando digo não

Incomoda quando eu escolho outro
Incomoda quando eu escolho outra
Incomoda eu poder escolher

Incomoda quando me uno às minhas irmãs
Incomoda quando nós tomamos o que é nosso

Nossa amizade incomoda
Nossa luta também

Desculpa mas vamos parar de nos desculpar
Por tomar o que é nosso por direito

E o incômodo vai ser você

9 de jul. de 2014

As sardas

Ela tinha três sardas.
Três sardas dos dias que descuidou
Dos dias que esqueceu

Daquela viagem que não coube protetor na mala
Daquele dia na piscina que não saiu do sol pra nada
Daquele fim de tarde na represa bebendo com os amigos

Ela tinha três sardas pra lembrar
Que esses padrões de beleza não fazem ela feliz
Que essa loucura de mil cremes e mil precauções não fazem ela feliz
Que a mente dela era mil vezes mais leve
Pra cada sardinha que nascia
Quando num descuido ela esquecia

Que lhe chamavam feia.

Talvez ela devesse ter um rosto cheio de sardinhas

Pra ficar confiante pra sempre

Que a felicidade não depende de nada
Além da mente leve de quem não se polui
Pela indústria que só consume

4 de jul. de 2014

Daquela festa

Um dia se levanta depois de anos
Sem saber pra onde que foram
Aquelas imagens que iam durar pra sempre
Mas que viraram borrão
E só aparecem melhor quando aquela música toca
De quanto eu conheci você