26 de set. de 2009

Um quê de culpa

Ela pensou mil coisas e não chegou a conclusão alguma.
Colocou qualquer roupa, prendeu os cabelos de qualquer jeito e passou batom.
Daquela forma ninguém a quereria, não.
Desprendeu os cabelos, prendeu de novo. Jogou todos os fios pra frente e para trás. Nada.
Ainda se sentia bem mal, como se não fosse nada nem ninguém.
Começou a se revoltar com os padrões se esquecendo de que ela seguia vários.
“Vamos lá... Seja você mesma”
Piscou para o espelho. Sua imagem piscava de volta
“Quer dar uma volta? Te mostro quem você é.”
Entrou no espelho e era meio louco
Tudo muito confuso, muito escuro.
“Por aqui!” sussurrou o que ela julgou ser sua imagem. “essa é a sua parte feia, não precisamos vê-la hoje.”
“Agora sim.”
A imagem abriu duas portas e tudo se encheu de luz. Ela pôde ver que a sua imagem era muito mais bonita do que ela mesma. “Por que não usamos as mesmas roupas?”
“Nós usamos. Mas você enxerga como quer, eu enxergo como elas são.”
“Olhe em volta. Isso tudo é você. E nem eu entendo, sou apenas uma imagem... você é mais que isso tudo que te mostro.”
Mas o tudo era um lugar infinito muito branco. Não se via nada além de luz e um potinho no meio.
-O que é aquele pote?
-Sua caixinha de pandora interior.
-E todo esse branco?
-O que eu julgo como beleza. Veja que a parte branca clareia até o escuro em que entramos.
-O que isso quer dizer?
-O que você quiser que signifique. Pode ser tudo ou nada.
-Aonde você quer chegar?
-Você é o que você pensa ser.
“E as coisas importantes é você quem escolhe. Quando ser o quê, o que dizer, como agir. E como compreender também. Você escolheu se sentir mal. E você escolhe mudar.”
-Por isso não culpe seu espelho, os padrões ou as pessoas. Se há alguma culpa, ela é toda sua. E como tal, é sua subordinada. Agora saia e faça o que achar melhor.
Saiu do espelho e olhou para sua imagem. Piscou. Ela não piscou de volta. “Tudo de volta ao normal.”
Jogou os cabelos pra frente e pra trás e se sentiu mal.
“É, talvez eu goste disso.”
Prendeu os cabelos e saiu.

Um comentário:

  1. Qualquer coisa que fazemos para nós nos leva a sermos qualquer coisa. Faça algo consciente, firme, mas que seja natural, para ao fazer algo, você seja mais que qualquer coisa. Ninguém é qualquer coisa, todos somos parte de algo que é necessário a alguém, mesmo que não conheçamos esse alguém; mas em algum momento, os caminhos se cruzarão. Firme, preparada, mas flexível para se adaptar sem conflitos. Seja você mesma, sem culpas, sem jogos, sem cobranças, mas seja simplesmente você mesma.

    Bjs

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