6 de nov. de 2009

Gotas

Caía uma gota d’água. Duas, três, quatro. Uma delas pousou no dedo, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, foi pro chão.
Mais uma, duas e três. Desapareciam quase que por encanto.
-Já reparou como a água some do nada? Uma hora ela tá bem aqui e do nada some.
-É que nem amigo, isso. Eles tão aqui, aí do nada somem.
-Amigo não some nunca não, Tati. Eles tão sempre aqui. É que nem a água do ar, a gente não vê, mas se não tivesse, a gente não existiria.
Ela se calou.
Ele colocou o dedo na ponta da torneira, impedindo que a água saísse.
-Sei que é desperdício, mas adoro ver as gotinhas se desprenderem da ponta e caírem no ralo. Gosto do barulho baixo que dá de água na pia.
-E eu adoro ver o quanto você gosta de observar as gotinhas d’água.
Ele sorriu.
-Gosto mais das gotinhas que de um mar inteiro.
Ela sorriu.

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