11 de jun. de 2009

Sobre

Mudo muda.
Não quero que ninguém saiba o que sinto.
Ajeito a mobília, sento-me no sofá empoeirado.
Choro baixinho, discretamente.
Queria tanto mudar o mundo!
E não mudo nem meu modo de me mudar.
Enxugo as lágrimas calmamente. Gosto de senti-las descendo pelo meu rosto, quentes.
Mudo tudo de lugar novamente.
Meu mundo é meu modo de mudar.
Se mudo algo de lugar, sinto esvaziar a mente.
Queria tanto me esvaziar...
Jogar fora os pensamentos, cuspir as palavras.
Cansei de ser muda, de mudar sem mudar e de ter um modo tão estranho de ser e estar.
Ajeito a cortina, perfeitamente.
É como se tirasse mais um peso das costas.
Puxo o tapete rapidamente, sinto alívio no meu estômago, sempre retorcendo de dor.
Termino tudo. E não terminei nada. Sinto o estômago retorcer, a cabeça arder, as costas doerem. As lágrimas ressurgem. Mas dessa vez, sequer as enxugo.
Sento-me no meu tapete arrumado, arranho minhas pernas. Algo ali tem que fugir da perfeição... Algo tem que ser errado, diferente. Esse algo sou eu. Atrapalho a sincronia perfeita da minha própria vida.
Bagunço os cabelos e vou até o espelho mais próximo. Vejo o caos nos meus olhos, reflexo da mente.
Minha pele está vermelha e molhada. Entro no banheiro organizado, lavo o rosto. Gosto de sentir a água gelada na minha pele quente.
Deito-me no chão de lá. Não gosto de sentir frio naquele azulejo. Castigo-me. Minha pele aquece o piso. Sinto-me confortável.
Gosto de sentir a mudança após a crise.

Nenhum comentário:

Postar um comentário